Reunir, em um só lugar, todo o patrimônio cultural brasileiro tombado ou registrado nas quatro instâncias – internacional, federal, estadual e municipal – é a principal meta do InfoPatrimônio, uma ação pioneira com o uso de georreferenciamento. A plataforma existe há cinco anos, e hoje mostra aproximadamente 2 mil bens com dados precisos, obtidos do acervo de instituições como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); o Conselho de Defesa do Patrimônio do Estado de São Paulo (Condephaat); o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
Tudo começou há 5 anos, quando o engenheiro Caio Lucena e o arquiteto Antonio Zagato resolveram criar uma solução orientada para o conhecimento, promoção, monitoramento e controle social da preservação dos bens tombados no Estado de São Paulo. A ferramenta deu tão certo que assumiu um caráter mais abrangente, abarcando o território nacional.
A partir de um mapa é possível informar muito mais sobre o espaço físico. É o que demonstra a experiência pioneira do InfoPatrimônio, cujos dados foram georreferenciados e mapeados com base em coordenadas geográficas, que permitem cruzar uma série de informações a partir de mapas e estatísticas. A iniciativa foi premiada em segundo lugar pelo GeoExperience: Maratona de Ideias Geográficas, evento promovido pela Emplasa – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. –, em 2014.
O georreferenciamento do patrimônio cultural com dados públicos adiciona uma nova dimensão de análise para a gestão, na medida em que as informações são distribuídas sobre o território. Geram-se novas possibilidades de conhecimento, apreensão e avaliação dos dados pelo Estado e pela sociedade. Estes, em conjunto, podem analisar e atuar construtivamente nas políticas públicas.
Para a população, o infoPatrimônio amplia o conhecimento sobre as referências culturais para a identidade e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira já reconhecidas pelos órgãos oficiais. Novos entendimentos são permitidos quanto à distribuição espacial dos bens e os “vazios patrimoniais” – áreas com ausência de representação oficial dos bens culturais. Isso permite ao usuário refletir sobre a própria identidade e visa fomentar o engajamento social na identificação, no registro e na salvaguarda do patrimônio ainda não protegido.
Ferramenta de controle social
Outro uso do InfoPatrimônio é fomentar o monitoramento e o acompanhamento do estado de conservação e salvaguarda de bens culturais, por meio da interação entre usuários e administradores da plataforma. Por ser colaborativa, ações de Educação Patrimonial por instituições e cidadãos podem se apoiar nos dados oficiais disponibilizados na plataforma. Antonio Zagato explica que qualquer pessoa pode contribuir para a manutenção do patrimônio em sua cidade: “Basta enviar fotos e informações sobre a condição atual do bem. Temos em mãos uma ferramenta para melhorar o controle social da preservação do patrimônio cultural brasileiro, para a qual o indivíduo é seu principal agente”.
A plataforma foi elaborada com foco na experiência do usuário e oferece linguagem simples, ideal para a pesquisa e o conhecimento. A busca é realizada de maneira amigável e intuitiva, atendendo desde entidades da sociedade civil, iniciativas privadas, órgãos governamentais – de preservação do patrimônio ou outras áreas com interface neste campo – até pessoas sem aptidão no uso de ferramentas virtuais da internet.
Todas as páginas de conteúdo possibilitam, também, a leitura e compreensão por usuários com restrições, como idosos ou deficientes visuais leves. Para isso, foi criada a função acessibilidade, que altera o layout para alto-contraste e aumenta o tamanho das fontes.
Conteúdo participativo
O modelo de gestão de conteúdo da plataforma é participativo, com conteúdo aberto e curadoria qualificada – colaboradores aptos a avaliar comentários e eventuais mudanças sugeridas por usuários. A finalidade é manter a qualidade e relevância das informações a longo prazo.
O conteúdo do InfoPatrimônio está registrado sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite a qualquer pessoa, sem restrição, a reutilização do conteúdo, desde que se respeite a autoria. O projeto recebe doações de recursos tanto financeiros como mão de obra especializada, reforçando a natureza participativa da solução.
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Fonte: Archdaily