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Entrevista com o Presidente do CAU/BA, Prof. Guivaldo D’Alexandria Baptista

Por que o CAU escolheu o tema Patrimônio em Risco para o debate do Dia do Arquiteto e Urbanista?

Elegemos como a grande missão do CAU a arquitetura para todos. Estamos no século das cidades e boa parte das pessoas do mundo habita cidades. Vivemos em um ambiente construído e um ambiente natural, particularmente em nossa cidade, Salvador, nós temos um ambiente construído que herdamos. Este legado é um grande conjunto de arquitetura ibérica nas américas. Um dos maiores fora de Portugal e Espanha.

Herdamos o legado, mas sem uma política de preservação, apenas ações isoladas. Nos últimos anos, tem se materializado uma política de escoramento, para a ruína não cair. Então, por decisão da Prefeitura e com autorização do IPHAN, foi iniciado um processo de demolição de diversos imóveis. Com o argumento de que estavam livrando a população do risco do desabamento.

Diante disso, nós fizemos uma denúncia à UNESCO, pedindo que inserisse Salvador na lista de bens culturais em perigo. Em coerência com essa ação e com os propósitos do CAU, os conselheiros elegeram o tema Patrimônio em Risco para o evento de debates em comemoração ao Dia do Arquiteto e Urbanista.

Qual é o maior entrave para que tenhamos uma mudança nessa realidade?

Acho que é uma sucessão de problemas. Primeiro é uma questão mesmo de memória cultural, ou seja, o novo passa a ter mais relavância que o passado. Temos um enorme legado, mas não desenvolvemos uma cultura de Estado de preservação da memória, e a consequência está aí.

Como a questão cutural de preservação da memória não é estimulada, não temos uma relação respeitosa com antigo e é muito fácil haver uma completa desarticulação e, conquentemente, não haver recurso suficiente alocado em orçamento, tanto na esfera federal, estadual e municipal. Diante disso, há uma sucessão de irresponsabilidades.

Recentemente a Fontana de Trevi, em Roma,  foi entregue à população italiana depois de restauração patrocinada pela iniciativa privada.

Aqui no Brasil isso é dificil fazer isso? Há algum entrave legal ou é falta de interesse da iniciativa privada?

Eu acho que a questão legal, se é um elemento dificultador, pode ser contornada se houver vontade política. Mas hoje há uma falta de articulação e uma inercia enorme para se romper as barreiras que existem, inclusive as legais. Dei esse exemplo da Fontana de Trevi, mas o Coliseu, também esta sendo restaurado com recursos da iniciativa privada.

Falta sensibilizar os empresários. Se uma grande empresa nacional, em particular as que vivem de tursimo e de eventos, se ela volta a dar vida ao centro histórico, coloca esse patrimônio em um estado de dignidade, terá retorno e o legado ficará para as gerações futuras.

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